
Bata Mestre Cartola
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Angenor de Oliveira
* 11/10/1908 Rio de Janeiro, RJ
+ 30/11/1980 Rio de Janeiro, RJ
Compositor. Cantor. Violonista.
Nascido na rua Ferreira Vianna, no Catete, era o primogênito dos oito filhos do casal Sebastião e Aída. Apesar de ter recebido o nome de Agenor, foi registrado como Angenor. Mas esse fato ele só viria a descobrir muitos anos mais tarde, ao tratar dos papéis para seu casamento com D. Zica, nos anos de 1960. A partir de então, para não ter que providenciar a mudança do nome no cartório, passou a assinar oficialmente seu nome como Angenor de Oliveira. Ainda na infância, mudou-se com a família para o bairro das Laranjeiras, onde entrou em contato com os ranchos União da Aliança e Arrepiados. Neste último, tocava um cavaquinho que lhe fora dado pelo pai quando tinha somente 8 ou 9 anos de idade. Seu entusiasmo por esse rancho era tanto que, mais tarde, ao participar da fundação da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, em abril de 1928, sugeriu que aquela agremiação tivesse as mesmas cores do rancho Arrepiados: verde e rosa. Desde então, essas duas cores passaram a formar um símbolo dos mais reverenciados no mundo do samba. Na verdade, soube depois por Carlos Cachaça, que existira no Morro da Mangueira um antigo rancho de carnaval com o nome de Caçadores da Floresta, cujas cores eram exatamente o verde e o rosa. Em 1919, foi morar no Morro da Mangueira, aos 11 anos de idade. Sua família passava, então, por dificuldades financeiras. Pouco depois, começou a travar amizade com um outro morador da Mangueira, Carlos Cachaça, seis anos mais velho, e que se tornaria, além de amigo por toda a vida, o seu parceiro mais constante em dezenas de sambas. Fez o curso primário. Após a morte de sua mãe, abandonou os estudos para trabalhar, ao mesmo tempo em que se inclinava para a vida boêmia. Durante a adolescência trabalhou numa tipografia e também como pedreiro. Vem daí o apelido com que se tornaria reconhecido como um dos grandes nomes da Música Popular Brasileira: enquanto trabalhava nas obras de construção, para que o cimento não lhe caísse sobre o cabelo, resolveu passar a usar um chapéu- de- côco que os colegas diziam parecer mais uma cartolinha. Assim, começou a ser chamado de "Cartola". Nessa época, conheceu Deolinda, mulher sete anos mais velha, casada e com uma filha de dois anos. Certa vez, se sentiu doente e Deolinda, vizinha do barraco ao lado, se oferece para cuidar dele. Os dois acabam se envolvendo. Tinha na época apenas 18 anos e estava morando sozinho. Decidem viver juntos e Deolinda deixa o marido, levando a filha que o compositor irá criar como sua. Sob seu teto e de Deolinda, Noel Rosa foi se abrigar algumas vezes, à procura de um refúgio tranqüilo, como contam João Máximo e Carlos Didier em "Noel Rosa, uma biografia". Participou da formação do Bloco dos Arengueiros, em 1925, que viria a ser o embrião da Mangueira. Em 1946, aos 38 anos de idade, contraiu meningite e ficou impossibilitado de continuar a trabalhar por um longo tempo. Com a morte de Deolinda, deixou o Morro da Mangueira, afastando-se do mundo do samba, por cerca de dez anos. Conseguiu trabalhos modestos, como o de lavador de carros e vigia de edifícios. Era esse o seu ofício, em meados dos anos 1950, num edifício em Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro. Numa noite de 1956, em que resolveu beber um café num botequim próximo ao edifício onde trabalhava, encontrou o escritor Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta) que imediatamente o reconheceu. Ao ver o compositor naquele macacão, molhado, o escritor decidiu ajudá-lo. Na ocasião, era dado como desaparecido ou mesmo morto, por muitos de seus conhecidos e admiradores. O reencontro com Sérgio Porto foi definitivo para a retomada de sua carreira como músico e compositor. Começou a participar de programas na rádio Mayrink Veiga e depois foi trabalhar como contínuo no jornal Diário Carioca, por recomendação do cronista e pesquisador Jota Efegê. Empregou, anos depois, como contínuo do Ministério da Indústria e Comércio e teve uma casa em terreno doado pelo Governo do Estado da Guanabara. No início dos anos 1960, vivendo com Eusébia Silva do Nascimento, a Zica, abriu com ela o restaurante Zicartola, num casarão na Rua da Carioca, no Centro do Rio. A iniciativa contou com o apoio financeiro de empreendedores considerados "mangueirenses de coração", como o empresário Renato Augustini. A receita para o sucesso do estabelecimento, que se tornaria uma página importante na história da música popular brasileira, era das mais simples e saborosas. Na cozinha, D. Zica comandava o tempero do feijão que lhe tornou famosa, enquanto ele fazia as vezes de mestre de cerimônias, propiciando o encontro entre sambistas do morro e compositores e músicos de classe média. No Zicartola, por exemplo, Paulinho da Viola começou a cantar em público. Em 1964, o Jornal O Globo publicava a seguinte nota: "Cartola e D. Zica marcam casamento: Primeiro, foi o samba que uniu Cartola e Zica, em 1919. Depois, foi o amor, em 1952. Agora, é o sacramento: casam-se às 15h do dia 24 na igreja do Sagrado Coração de Jesus. Como as suas vidas, seus nomes também se uniram para dar identidade ao famoso Zicartola, que passará sem os dois por alguns tempos, pois Cartola e D. Zica estarão em lua-de-mel em São Paulo. Essa terceira etapa na vida do fundador da Mangueira promete ser prolongamento da segunda, pois D. Zica diz que Cartola sempre foi bom companheiro e a ideia de oficializar a união partiu dele". Em 1978, transferiu-se da Mangueira para uma casa em Jacarepaguá, mas sempre voltava para visitar os amigos no morro onde crescera e se tornara famoso. Em 1979, descobriu que estava com câncer, doença da qual viria a morrer no ano seguinte, aos 72 anos de idade. Após o velório na quadra da Estação Primeira de Mangueira, seu corpo foi sepultado no Cemitério do Caju. Durante os anos seguintes, viriam homenagens póstumas, discos e biografias que o confirmariam como um dos maiores nomes da música popular brasileira. Quando soube que o compositor se encontrava doente o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu crônica no Jornal do Brasil na qual dizia: "A delicadeza visceral de Angenor de Oliveira (e não Agenor, como dizem os descuidados) é patente quer na composição, quer na execução. Como bem me observou Jota Efegê, seu padrinho de casamento, trata-se de um distinto senhor emoldurado pelo Morro da Mangueira. A imagem do malandro não coincide com a sua. A dura experiência de viver como pedreiro, tipógrafo e lavador de carros, desconhecido e trazendo consigo o dom musical, a centelha, não o afetou, não fez dele um homem ácido e revoltado. A fama chegou até sua porta sem ser procurada. O discreto Cartola recebeu-a com cortesia. Os dois conviveram civilizadamente. Ele tem a elegância moral de Pixinguinha, outro a quem a natureza privilegiou com a sensibilidade criativa, e que também soube ser mestre de delicadeza".
Em 1925, com o amigo e parceiro Carlos Cachaça, fundou o Bloco dos Arengueiros, que, três anos mais tarde, ao se unir a outros blocos do Morro da Mangueira, levou à criação, em 28 de abril de 1928, da Estação Primeira de Mangueira. Além dele e Carlos Cachaça, participam da fundação da segunda escola de samba, a primeira havia sido a "Deixa Falar", fundada por Ismael Silva e Bide, entre outros, no Estácio, Saturnino Gonçalves, Pedro Caymmi, Marcelino, José Claudino e Francisco Ribeiro. No mesmo ano, compôs o primeiro samba para um desfile da Mangueira, "Chega de demanda".
Em 1929, procurado pelo cantor Mario Reis, através de um estafeta chamado Clóvis Miguelão, segundo o pesquisador Luís Antônio Giron, vendeu a ele o samba "Que Infeliz Sorte!", que acabou sendo gravado, em novembro daquele ano, não por Mario Reis, mas por Francisco Alves, sendo assim, seu primeiro samba gracado. A aproximação com Francisco Alves o tornou conhecido como compositor. Assinava então Agenor de Oliveira. Em 1932, Francisco Alves e Mário Reis gravaram em dueto seu samba "Perdão, meu bem". Vendeu outros sambas a Francisco Alves, que gravou no mesmo ano o samba "Não faz mal amor", parceria com Noel Rosa, cujo nome não apareceu no rótulo do disco. Ainda nesse ano, Francisco Alves gravou o samba "Qual foi o mal que eu te fiz", lançado no ano seguinte, Carmen Miranda o samba "Tenho um novo amor" e Sílvio Caldas o samba "Na floresta", parceria dos dois.
Em 1933, Francisco Alves gravou o samba "Divina Dama", que viria a ser usualmente considerado seu primeiro sucesso popular. Ainda nesse ano, Arnaldo Amaral gravou o samba "Fita meus olhos", parceria com Osvaldo Vasques. Ao contrário de outros compositores da época, não vendia a autoria das músicas, mas apenas o direito sobre a vendagem dos discos, razão pela qual seus sambas continuavam a sair assinados por ele. Em 1936, Aracy de Almeida gravou na RCA Victor o samba "Não quero mais", parceria com José Gonçalves, o Zé da Zilda e Carlos Moreira de Castro, o Carlos Cachaça. No ano anterior, esse samba fora premiado no desfile da Mangueira.
Continuou dedicando-se à Escola de Samba que ajudara a fundar. Sua primeira parceria com Carlos Cachaça, "Pudesse meu ideal", vence o concurso promovido pelo jornal O Mundo Esportivo. Vieram então alguns anos de sucesso e fama, a amizade e parceria com Noel Rosa, freqüentador de sua casa na Mangueira, as visitas de Villa-Lobos, que se tornou admirador de suas composições e o indicou para participar, em 1940, das gravações regidas pelo maestro Leopold Stokowski a bordo do navio Uruguai, ancorado no cais da Praça Mauá.